Quinacridona “Verde” Pigmentos Orgânicos de Fontes Renováveis – é possível ?

O mercado de tintas e revestimentos é um setor dinâmico e em constante evolução. Uma das características desse mercado é o contínuo investimento em pesquisa e desenvolvimento. Esse comprometimento com a inovação tem permitido a introdução de tecnologias viáveis que não apenas aprimoram a qualidade dos produtos, mas também contribuem significativamente para a sustentabilidade do setor.

Um exemplo notável dessa abordagem inovadora é o desenvolvimento de pigmentos à base de quinacridona de fonte renovável. Esses pigmentos representam uma solução promissora, não apenas do ponto de vista ambiental, mas também social. Eles não apenas reduzem o impacto ambiental das tintas e revestimentos, mas também atendem aos programas de ESG (Environmental, Social, and Governance), demonstrando o compromisso do setor com a responsabilidade social e práticas comerciais sustentáveis. Essas iniciativas positivas destacam o comprometimento contínuo do mercado de tintas em buscar soluções inovadoras que beneficiam a sociedade e o meio ambiente.

A Periculosidade dos Pigmentos Tradicionais

O uso dos pigmentos orgânicos tradicionais é uma preocupação devido aos possíveis riscos à saúde humana e ambiental associados aos seus processos de fabricação e insumos. Estes pigmentos, amplamente utilizados na indústria de tintas, plásticos e tinturas, são fabricados a partir de derivados de petróleo e envolvem reações químicas complexas.

 A reação de obtenção desses pigmentos começa com a síntese de compostos aromáticos, como o anidrido ftálico, anilina ou naftaleno, a partir de produtos petroquímicos. Esses compostos são então submetidos a processos de condensação, oxidação e acoplamento, resultando na formação dos pigmentos desejados. Durante esses processos, podem ser liberados subprodutos perigosos, incluindo solventes orgânicos voláteis e compostos tóxicos.

Os insumos para a fabricação desses pigmentos incluem produtos químicos tóxicos e inflamáveis, como ácidos, álcalis, solventes e catalisadores, que apresentam riscos significativos de incêndio, explosão e contaminação do ambiente de trabalho.

Além disso, a exposição prolongada a pigmentos orgânicos tradicionais e seus componentes químicos pode levar a problemas de saúde, como irritações cutâneas, respiratórias e oculares, bem como preocupações com carcinogenicidade.

Portanto, a fabricação e o uso desses pigmentos exigem medidas rigorosas de segurança, regulamentações ambientais e gestão de resíduos adequada para mitigar os riscos à saúde e ao meio ambiente, e alternativas mais seguras e sustentáveis é uma prioridade na indústria química moderna.

Pigmentos de Quinacridona: Uma Alternativa Sustentável

Em contrapartida, os pigmentos à base de “quinacridona verde” são menos perigosos e podem ser obtidos a partir de fontes renováveis como biomassas. São conhecidos pela sua alta estabilidade, resistência à luz ultravioleta e cores vivas, sendo ideais para uma variedade de aplicações, desde tintas industriais a revestimentos arquitetônicos.

Embora os pigmentos de quinacridona tenham sido preparados pela primeira vez em 1935, o seu valor técnico não foi inicialmente reconhecido. Foi somente quando seu polimorfismo foi detectado que ganharam importância. A síntese sistemática de diferentes modificações cristalinas por pós-tratamento apropriado de quinacridona bruta tornou possível obter uma variedade de pigmentos altamente estáveis que rapidamente ganharam interesse comercial como uma nova classe de pigmentos.

A fabricação desses pigmentos orgânicos utilizando o bioácido succínico como insumo é uma abordagem inovadora e ambientalmente sustentável. Este processo representa um avanço na produção de pigmentos, pois reduz a dependência de fontes petroquímicas e minimiza os impactos ambientais.

O bioácido succínico é obtido através da fermentação de biomassa, como açúcares, amido ou outros materiais orgânicos. Uma vez produzido, o bioácido succínico é utilizado como matéria-prima na síntese dos pigmentos quinacridona.

A reação de obtenção dos pigmentos quinacridona a partir do bioácido succínico envolve várias etapas. Inicialmente, o bioácido succínico é submetido a reações químicas para derivá-lo em compostos aromáticos apropriados. Em seguida, esses compostos passam por processos de condensação e ciclização controlados, resultando na formação dos pigmentos quinacridona desejados.

A principal vantagem desse processo é a utilização de uma fonte renovável, o bioácido succínico, em vez de derivados de petróleo. Isso contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa e diminui a dependência de recursos não renováveis. Além disso, a fabricação de pigmentos orgânicos a partir de biomassa é mais sustentável e alinha-se com as preocupações ambientais crescentes na indústria química.

Em resumo, a produção de pigmentos quinacridona a partir do bioácido succínico representa uma abordagem inovadora e ecológica na indústria de pigmentos, promovendo a sustentabilidade e a redução do impacto ambiental.

Contribuição para os Indicadores de ESG

O uso desses pigmentos inovadores pode melhorar significativamente os indicadores de ESG de uma empresa:

  • Ambiental: Menor impacto no ecossistema e menor uso de recursos não renováveis.
  •  Social: Ao substituir insumos perigosos, a saúde e segurança dos trabalhadores são melhoradas, contribuindo para um ambiente de trabalho mais saudável e seguro.
  •  Governança: A adoção de práticas mais sustentáveis pode facilitar a conformidade com regulamentações ambientais e sociais, e pode aprimorar a reputação da empresa no mercado.

Viabilidade Econômica

Embora os custos de desenvolvimento sejam inicialmente mais altos, a produção em larga escala por empresas como Heubach e o aumento da demanda por produtos mais seguros e ecológicos podem equilibrar essa equação, tornando os pigmentos à base de quinacridona uma alternativa economicamente viável a médio prazo.

Conclusão

A transição para pigmentos à base de quinacridona de fonte renovável representa uma mudança significativa para o setor de tintas e revestimentos, contribuindo para práticas mais seguras e sustentáveis. Esta mudança está em alinhamento direto com os princípios de ESG, oferecendo benefícios tanto no aspecto ambiental quanto no social, e pavimentando o caminho para uma indústria mais responsável e consciente.

 

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-Por Wiliam Saraiva

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