A Real Academia Sueca de Ciências anunciou, nesta quarta-feira (9), os vencedores do Prêmio Nobel de Química deste ano. Os dois projetos laureados, embora independentes, contribuíram para a compreensão da estrutura das proteínas.
O bioquímico norte-americano David Baker, professor da Universidade de Washington, foi premiado por completar “o feito quase impossível de construir tipos inteiramente novos de proteínas”, segundo o comitê do prêmio. Seu compatriota John Jumper e o britânico Demis Hassabis, que trabalham no Google DeepMind em Londres, também levaram o prêmio por desenvolverem um modelo de inteligência artificial (IA) para prever estruturas complexas de proteínas – um problema que estava sem solução há 50 anos.
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“O potencial de suas descobertas é enorme”, afirmou o comitê quando o prêmio foi anunciado na Suécia. A gratificação, vista como o auge da conquista científica, carrega um prêmio em dinheiro de 11 milhões de coroas suecas (cerca de 5,92 milhões de reais).
Como funcionam os projetos premiados?
As proteínas são compostas por uma sequências de moléculas de aminoácidos e são essenciais para a formação dos tecidos, incluindo os músculos, e de células do cabelo e da pele. Além disso, elas leem, copiam e reparam o DNA e ajudam a transportar oxigênio no sangue.
Embora as proteínas sejam formadas por apenas 20 aminoácidos, eles podem ser combinados de maneiras quase infinitas, formando padrões altamente complexos no espaço tridimensional.
O prêmio Nobel de química deste ano foi dividido em duas partes. A primeira foi entregue à dupla Hassabis e Jumper, que utilizaram um modelo de IA chamado AlphaFold2 para conseguir prever a estrutura de todas as 200 milhões de proteínas que os pesquisadores identificaram.
A tecnologia atua como uma “busca do Google” para estruturas de proteínas, fornecendo acesso instantâneo a modelos previstos das macromoléculas, acelerando o progresso em biologia fundamental e outros campos relacionados. A dupla já ganhou os prêmios Lasker e Breakthrough de 2023.
Já a “segunda metade” do prêmio foi entregue para Baker, por usar métodos computadorizados para criar proteínas que não existiam anteriormente e que possuem funções inteiramente novas.
Em 2003, o professor conseguiu usar aminoácidos, geralmente descritos como os blocos de construção da vida, para projetar uma nova proteína que era diferente de qualquer outra existente, segundo a academia. Isso abriu a possibilidade para a rápida criação de diferentes proteínas para uso em produtos farmacêuticos, vacinas, nanomateriais e, até mesmo, sensores.
“Ele desenvolveu ferramentas computacionais que agora permitem que os cientistas criem novas proteínas espetaculares com formas e funções totalmente novas, abrindo possibilidades infinitas para os maiores benefícios para a humanidade”, diz Heiner Linke, presidente do Comitê do Nobel de Química, sobre a contribuição de Baker.
Quais prêmios o Nobel ainda entregará este ano?
O prêmio de Química é o terceiro Nobel a ser entregue neste ano. Nesta semana, já foram entregues os prêmios de Medicina — para cientistas norte-americanos Victor Ambros e Gary Ruvkun ganharam o prêmio de Medicina por sua descoberta do microRNA — e de Física — para o cientista americano John Hopfield e o britânico-canadense Geoffrey Hinton, pelas descobertas e invenções que serviram como base para a tecnologia de machine learning.
No ano passado, o Nobel de Química foi concedido a Moungi Bawendi, Louis Brus e Aleksey Ekimov pela descoberta de minúsculos aglomerados de átomos conhecidos como pontos quânticos. Eles são amplamente utilizados atualmente para criar cores em telas planas, lâmpadas de diodo emissor de luz (LED) e dispositivos que ajudam os cirurgiões a enxergar vasos sanguíneos em tumores.
*Com informações da CNN Internacional e da Reuters
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Este conteúdo foi originalmente publicado em Conheça os projetos que dividiram o Nobel de Química deste ano no site CNN Brasil.